Acervo da Karen Beatriz



Corro pra você
Por Karen Beatriz

Eu andei por aí
Andei durante alguns dias
Você sentiu minha falta?
Então grite
E veja a forma que estou
Eu andei por aí
E aonde quer que eu fosse
Queria que você me levasse para casa
Você sentiu minha falta?
Então grite
Grite
E irei trilhar todo o caminho de volta
No meio da noite
Num lugar sombrio
Eu lembrei de você e de como tudo estava vazio
Eu andei por aí
Milhares de anos
Você sentiu minha falta?
Então grite
E responda o que faria se tivéssemos só uma noite
Consertaria corações quebrados?
Chamaria meu nome?
Então grite
Eu andei por aí
E só quero uma razão
Grite

E eu corro pra você! 
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Ainda, Gardênia!
Por Karen Beatriz


Dói
Quando olho pra você
Um vazio
Quando entro nessa sala
E os silêncios
Se tornaram eternos.
Ainda queima em mim
E em você?
Dói
Sentir seu toque
Sem a sua presença
Ela
Você
Eu
Dói
Quando o cheiro das gardênias e a delicadeza de sua pétala
Foram dilaceradas em seu próprio jardim
Por pés brutais.
Mas seus olhos viram a beleza
E dói
Porque eles prometeram
E seus pés fugiram.
Dói
Quando vejo o vazio.
E que já não existem mais na sala
Aquelas gardênias que chegaram pela manhã.
Dói
Quando olho pra você
E vejo apenas fragmentos do vaso
De um amor secreto.
Dói.
Mas elas ainda podem florescer?
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Sua fotografia, minha alma.
Por Karen Beatriz

Eu parei de fotografar já fazem dois anos, meu quarto de fotografia está do mesmo jeito e dentro dele parece que o tempo não passou, deve ser por isso que a porta sempre está fechada, as sombras do passado de alguma maneira me assustam e eu perdi a vontade de fotografar tudo aquilo que eu via poesia, como se agora nada fizesse sentido, a verdade é que eu me perdi.
E não havia me dado conta de como eu realmente estava até que depois de tanto tempo você apareceu naquela festa. Quando eu te vi todos os meus músculos se resetaram, e busquei o ar em meus pulmões com força, porque ele parecia se recusar a entrar, quando seus olhos recaíram sobre mim foi um fluxo de informações passando em meu cérebro e era um misto de surpresa paralisadora e surpresa desesperadora, você ali.
A cada passo que você dava era como se todas aquelas expectativas extintas estivessem acenando vagamente, e aos poucos cresciam até que conseguissem acordar pensamentos adormecidos por tanto tempo, eu poderia acreditar que você estava voltando? Eu estava com meu peito contorcido de expectativas do que viria a seguir, eu não te via há dois anos, e então você aparece e junto com você tudo aquilo que eu deixei pra trás, todos os meus sonhos, minhas expectativas, meu propósito. Na verdade, ali naquele momento eu entendi que você sempre foi o propósito, eu não duvidava, mas como era difícil ver meu propósito caminhando de mãos dadas com outra pessoa.  Mas ainda assim eu queria ignorar as batidas desesperadas do meu coração e me agarrar a você e implorar por uma salvação e revelar todas as minhas angústias durante todo esse tempo, mas as minhas mãos estavam sendo seguradas por alguém também. Algo definitivamente havia mudado.
Durante toda aquela noite nossos olhos se procuraram, eu queria acreditar que tudo estava voltando, mas fui inocente em acreditar que voltaria e então ficaria. A raiva me consumia por que tudo que eu lutei para esquecer havia voltado, e quanto tempo permaneceria?

 Você desistiu da fotografia?
— Apenas não deu mais.
— Mas você amava fotografar.

Mais ainda me irritava quando você parecia se interessar por minha vida com suas perguntas. Porque agora? Você realmente se importa? 
Durante todo esse tempo eu acreditei que você não se importava, mas ver esses seus malditos olhos demonstrando sinceridade me irritava, me irritava porque eu amava fotografia e odiava o fato de você aparecer e querer me lembrar dos meus sonhos, e que você me conhece melhor do que eu mesmo, porque eu cheguei a acreditar que não amava mais, quando você foi embora nada daquilo mais fazia sentido, mas a verdade é que eu sempre amei e eu me perdi. Eu tive que me refazer quando você se foi. Eu encontrei outros planos, outros braços.
A resposta que eu dei a você naquela noite ainda paira em meu pensamento, porque era um misto de raiva, agonia, dor, tristeza e abandono...

 Às vezes a gente ama coisas que não são possíveis, mas aí aprendemos a amar outras coisas que são.

Parece que minha vida toda foi assim, aprender amar as coisas que são possíveis, mas tudo o que eu queria fazer era amar você. Porque não poderia ser fácil ter você?
Coragem sempre foi tudo o que não tivemos, coragem foi tudo o que nunca tive e por isso que você não está aqui, você nunca está. 
Mas depois daquela noite enquanto eu observava você caminhar até mim, eu queria te fotografar, eu queria registrar aquela noite numa fotografia, eu gostaria de registrar que você voltou pelo menos uma vez e que não foi mais uma daquelas noite que eu sonhei com você. Mas então eu vi você caminhar para ir embora e eu estava sentindo você escapar por entre meus dedos do qual eu me recusava a fechar. Eu ficaria com todas aquelas lembranças e expectativas vivas em mim? Não haveria uma reminiscência de você aqui?
Mas então você parou de caminhar e veio novamente em minha direção, você sorriu de uma forma diferente do que havia sorrido a noite toda, passou seus braços ao redor do meu corpo e seguramos um no outro, durou o necessário para eu ouvir a sua voz de forma diferente, a sinceridade em cada palavra que você me disse, e para me lembrar quem eu ainda sou.
Você pediu meu celular e fez aquilo que eu deveria ter feito a noite toda, você registrou o nós.
Eu parei de fotografar já fazem dois anos, meu quarto de fotografia está do mesmo jeito e dentro dele parece que o tempo não passou... Mas já não me assusta mais, eu olhei ao redor dele e me lembrou de quem eu era, o que eu mais amava e que você tinha razão. Não era mais meu coração que eu deveria curar, mas a minha alma, porque era minha alma que ainda estava quebrada e apenas você poderia toca-la, mas apenas eu cura-la.
Eu coloquei a nossa nova fotografia no mural, olhei novamente para o quarto e peguei minha câmera fotográfica, em silêncio sai do quarto e senti meu coração apertado dentro do peito. Naquela fotografia eu finalmente estava em casa.



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Antídoto
por Karen Beatriz

Estou esperando você voltar pra casa, estou esperando esse pesadelo acabar, estou esperando essa dor acabar.
Eu já estou horas escutando a mesma música, e é verdade às vezes amar machuca. Como faz pra essa música parar? Como faz pra parar de doer? E se eu desligar e deixar você ir? Quanto tempo eu ainda tenho? 
Porque eu sinto que nunca vou superar isso, sinto que nada pode remendar a minha alma. Quanto tempo vai demorar até você voltar pra casa? É a primeira madrugada sem você, quantas ainda virão? 
Se eu continuar aqui deitado, você ainda vêm? Como eu queria poder contar a distância que estamos agora, mas não há milhas. Não há milhas, não há milhas e você deveria estar aqui.
Deveria estar aqui porque tem algo rasgando o meu peito e eu não sei me cuidar. Eu não sei me cuidar eu não sei.. e você deveria estar aqui, porque eu simplesmente não sei. 
Você abriu meus olhos uma vez e agora eu simplesmente não quero mais abrir, porque e se sua imagem sumir? Aqui na minha mente ainda estou te esperando. Quando você vai voltar? Não tenha medo de voltar, se eu ficar aqui deitado, você ainda vêm? 
Espero ver você em breve, porque amar você era a única coisa que eu sabia fazer. 
Não vamos dormir essa noite, eu não quero dormir também, vou esperar enquanto você não vêm. Quanto tempo ainda tenho que esperar? Porque não há antídoto, não há nada que possa fazer nos encontrar.
Mas você ainda vêm?
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Ela Era Linda
por Karen Beatriz




Ela era linda. 
Tinha o cabelo cor de caramelo, um sorriso que na verdade eu não sei explicar, embora ela estivesse sempre sorrindo. Ela ria fácil. 
Ela trabalhava numa lanchonete e iria cursar medicina. 
Eu me apaixonei na primeira vez que pedi a ela um Donuts. Ela sorria para mim como ninguém jamais havia sorrido. Eu me apaixonei mais ainda quando a pedi em namoro. 

Eu me apaixonava mais todos os dias, e fazia com que ela soubesse disso. 

Ela era linda, tinha os olhos da cor do cabelo. Ela era sensível e não tinha medo de ser assim. 

Ela ficava vermelha quando passava vergonha, mas estava sempre risonha. 

Meu coração disparava sempre que eu a via, eu sentia um frio na barriga e parecia que ia morrer. 

Ela cuidava de mim e tinha uma grande paciência comigo e com minhas manias. 
Eu amava abraçá-la e ela amava me beijar. 
Eu poderia passar o resto da minha vida ao lado dela. 
Então eu loucamente a pedi em casamento, e ela loucamente aceitou. 
Eu contava os dias para ver o quanto ela ficaria linda em seu vestido de noiva. 
Alguns meses antes do casamento, ela foi visitar uma faculdade em outra cidade e eu fiquei quase um dia todo sem saber notícias dela. 
E eu simplesmente percebi o quanto seria ruim não tê-la ao meu lado, o quanto seria ruim ficar sem ouvir o som da voz dela, dá risada, sem sentir seus carinhos. Eu estava convencido de que ela foi a melhor decisão que eu tomei. Eu não esperava a hora de poder dizer isso a ela. 
Nessa mesma noite eu recebi uma ligação... 
Eu fiquei em silêncio e não conseguia acreditar, meus olhos estavam cheios de lágrimas, meu peito doía tanto que eu pensei que não ia suportar, eu estava vazio, eu transbordei ao saber que ela havia ficado em coma. Ela havia sofrido um acidente de carro, uma fratura no crânio e ficou desfigurada. 
A data de nosso casamento passou e ela ainda não havia acordado. 
Eu já não vivia mais, só queria estar ao lado dela, era triste vê-la daquela forma. Eu não podia suportar... Eu não sabia o que fazer. O que seria de nós? 
Me disseram que eu tinha que viver, que era pouca a chance dela viver e se isso acontecesse ela jamais voltaria ser a mesma. 
Eu estava cansado de estar naquele hospital, eu morria a cada dia um pouquinho. 
Mas eu não desisti, e depois de muitos meses ela finalmente acordou... Ela lutou. 
Ela já não andava mais, não conseguia falar e nem mexer direito qualquer parte de seu corpo. As lágrimas escorriam de seu rosto e ela nem se quer conseguia secar. Eu disse a ela que ela não precisava secar, porque eu estava ali pra isso. Para secar suas lágrimas, para ser a cadeiras de rodas dela, para apoia-la a cada pequeno e difícil passo, porque ela precisa de mim, e eu preciso dela, eu a escolhi para passar todos os dias da minha vida ao meu lado. 
Eu a olhava e escondido chorava, ela estava muito diferente, eu já não sentia o toque de suas mãos, o seu abraço quente e apertado, e ela nem conseguia me beijar. 
Eu sentia saudades, mas sempre que a olhava eu sentia o mesmo de antes. 
Ela foi a única que me fez saber o que é amar. Ela era aquilo tudo que faltava em mim. Eu não podia partir e deixá-la assim. 
E todos os dias eu me apaixonava mais, porque eu aprendi que ela não era apenas sensível, mas ela era mais forte que eu. Ela lutava todos os dias. Ela tinha um coração tão belo, e mesmo com a voz fraca ela sussurrava "eu te amo". E meu coração conseguia ouvir. E embora seu corpo estivesse desfigurado, eu volto a repetir... Ela é linda. Linda de todas as formas. 
E eu não quero perder tudo o que ela é e tudo o que ela será. Eu a escolhi e ela me escolheu. Eu quero ouvir o coração dela bater todos os dias, e para mim está tudo bem porque quando ela me olha nos olhos, eu vejo uma grande razão para continuar. Eu espero que ela sinta o mesmo. Espero que ela sinta a vontade de me abraçar novamente. Porque eu preciso disso para tê-la eternamente. 

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Te Encontro, Desencontro
por Karen Beatriz. 

Eu o conheci no outono de 1998, me lembro porque nós falávamos de como as ruas ficavam bonitas com várias folhas e flores espalhadas e voando pela cidade.
Eu gostava de observá-lo de longe, ver as caras e bocas que ele fazia quando achava que ninguém estava olhando. Eu gostava de estar por perto pra quando ele precisasse ou até mesmo quando não precisasse. 
Ele era cheio de defeitos, tinha dia que eu queria nunca o ter conhecido. Mas esse momento passava e eu estava ali para agradá-lo.
Eu fazia isso porque ele me tratava bem, me dava atenção, ele era diferente de qualquer outro que eu já tinha conhecido. Dizem que quando encontramos a pessoa certa, nós simplesmente sabemos. Eu de algum modo sabia que ele seria especial para mim.

A verdade é que eu queria esquecê-lo, esquecer como ele gostava de brincar com meu nome, Elis... "Elis foram ao parque...". Isso me irritava de um jeito bom, e a verdade é que eu não consigo esquecer nada que esteja relacionado a ele.

Nós passamos apenas dois outonos juntos.

Ele se mudou para outro estado e perdemos contato; foi feita uma troca ele levou meu coração e deixou a saudade.

Eu passei dias e meses pensando aonde ele poderia estar, o que estaria fazendo, será que ele estava bem, se acostumado com seu novo lar?

Isso me atormentava até que chegou um tempo que esses dias, e meses se tornaram anos e eu me preocupava se ele havia encontrado outra... Confesso que pensar nisso me deixava triste todos os dias, e pensar que eu sentia que ele seria a pessoa especial da minha vida.
Porque ele nunca veio atrás de mim? Nunca tentou me contatar, nem se quer uma carta... 
Ele foi especial pra mim e eu não fui especial pra ele, todo aquele tempo que eu quis aprender um pouquinho sobre ele, que eu entreguei cada dia um pedacinho do meu coração, foi simplesmente em vão.
Passaram dez anos, eu me casei e tive um filho, mas eu nunca o esqueci e sinto que nunca irei esquecer.
Ano passado eu fiz uma viagem e descobri que era a mesma cidade que ele havia se mudado anos atrás. Meu coração voltou a bater como se eu ainda fosse uma jovem, era um desespero, uma ansiedade e uma esperança de revê-lo. 
Por fim eu descobri qual era a casa dele. 
De frente a sua casa eu senti borboletas no meu estômago, minhas mãos soarem, e o coração disparar, como todas as vezes que o vi. Tomei coragem e apertei sua campainha, eu disse que procurava por Marco, um rapaz jovem e bonito me atendeu e disse que era seu filho. Nós conversamos, mas seu filho havia dito que seu pai nunca havia me mencionado. 
E eu todos esses anos me lembrando dele. 
A verdade é que eu queria apenas saber se ele se lembrava de mim também. Marco estava em outro país, esse era nossos desencontros. Antes de eu ir perguntei quem era a bela garota da foto, e o filho me respondeu: 
-Essa é minha irmã, Elis...
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CARTAS PRA VOCÊ ( DO CONTO RAZÃO & EMOÇÃO )
por Karen Beatriz. 20/06/17

Quando eu entrei na vida de vocês foi porque Sam me convidou para se juntar a mesa em que vocês estavam sentados, eu era nova no colégio e fazer parte de um grupo era o que estava precisando. Sam me trouxe ao grupo...
Mas nesse mesmo dia eu conheci você, eu conheci esses olhos que me fizeram sentir-se confortável por alguma razão. Aquela foi a primeira vez das inúmeras vezes que nossos olhares se encontraram e que algo dentro de nós se agitava, eu sempre soube e sempre soube te ler.
E eu te li em cada medo que tivemos e em cada escolha que fizemos contrário ao que queríamos, e de uma forma que eu não sei explicar eu sempre te entendi, entendi seus medos e suas escolhas e entendia que em algum momento haveria o nós, porque eu podia ler isso em seus olhos. 
Era sempre você nos pensamentos constantes, era sempre você em cada momento importante da minha vida, era sempre você nas entre linhas e quando eu ouvia ou lia a palavra amor eu não sabia explicar, mas era você, porque de alguma forma você sempre esteve junto, mas nunca esteve perto. E esse é o motivo de eu estar te enviando essa carta, porque você tentou de todas as formas criar uma linha de segurança entre nós, como se isso fosse mudar tudo, como se fosse mudar o fato do que sentimos um pelo outro, como se fosse mudar o fato de ninguém sair machucado, mas sempre foi em vão... porque me apaixonar por você era inevitável, aconteceu muitas vezes de muitas formas.
Seria naquela terça feira quando entrei na sua sala, seria quando assistimos filme juntos deitados no chão da sala, simplesmente aconteceria.
Teria acontecido no baile de formaturas, teria acontecido quando você foi embora, teria acontecido quando nos reencontramos, teria acontecido na noite em que estive devastada e chorar em seus braços foi o que me acalmou, teria acontecido na noite em que dançamos juntos pela primeira vez. Teria acontecido. Porque você roubou meu coração todas as vezes, como eu poderia pertencer a outro alguém?
Mas você nunca me deu uma chance de verdade, eu tinha tudo planejado e então você mudou o rumo e acabou com a minha fé quando eu quis dar para nós mais uma chance, quando você por medo não conseguiu lutar, mas eu mais uma vez pude entender o quão difícil era para você me deixar livre, como sua atitude de se importar com todos ao seu redor fazia de você um herói manchado, como eu disse simplesmente teria acontecido...
Apesar dos meus sentimentos confusos e de nós não sabermos explicar o que somos, o que sentimos e apesar de algumas escolhas na minha cabeça de alguma forma nós terminávamos juntos.
Mas você nunca vem.
Você sempre achou que eu precisaria fugir de todos para poder estar com você, que o “nós” só existiria entre as paredes de seu apartamento, mas eu nunca precisei estar invisível para amar você.
Será que algum dia você vai vir? Eu me perguntava todos os dias, eu poderia esperar, mas você nunca me deu a chance, foi você quem tomou a decisão por mim, você tem razão, pois de alguma forma eu amo o Sam, tudo começou com ele não é mesmo?
E então eu preciso te dizer...
Eu aceitei... aceitei porque de alguma forma eu amo ele. Mas por favor não venha.
Ele insistiu que eu enviasse o convite. Mas não venha, porque jamais conseguiria fazer isso se você estivesse aqui.
De alguma forma eu o amo, mas quando eu paro para pensar no futuro não existe um em que você não esteja.
Com amor, C.
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Nosso Caso
por Karen Beatriz. 

Ele saiu batendo a porta, nem se quer olhou pra trás. Eu fiquei ali parada, naquela semana havia prometido pra mim mesma que não iria chorar, eu respirei fundo e segurei, fiquei firme. Pensando pra onde ele poderia ter ido, o que estaria fazendo agora, também pensei em mil introduções para dizer quando chegasse.
As horas foram passando e nenhuma lágrima eu deixei cair, eu estava sendo firme.
Mas chegou a hora em que tive que deitar minha cabeça no travesseiro, e olhei para o lado e seu lugar ainda estava vazio.
Não deixei escorrer nenhuma lágrima, mas confesso que por dentro eu chorei dias, eu só sabia chorar, meu corpo parecia ser feito de choro. Eu agora ensaiava despedidas, não queria mais que voltasse, tudo dentro de mim parecia ter morrido.
Foram noites com o seu lado vazio, toda noite antes de dormir eu bebia chá e comia biscoitos, e deixava o biscoito favorito dele sob o travesseiro, sei lá para caso ele chegasse de madrugada.
Certa noite eu adormeci e esqueci o chá e os biscoitos, durante a madrugada escutei um ruído, vesti uma blusa e fui até a sala.
O telefone tocava sem parar, a luz vermelha parecia que ia explodir.
Senti uma pontada no meu coração, um vento frio tomou conta do meu corpo, eu tremi antes de pegá-lo.

 Finalmente. - uma voz disse do outro lado da linha.
— Oi. - Apenas sussurrei.

Por fim aquela foi a noite que quebrei minha promessa, encharquei meu rosto com lágrimas doloridas. E sai batendo a porta.
E eu o encontrei.

 Eu me perdi tentando me encontrar... Encontrar uma maneira de mostrar pra você que eu amo o teu som desafinado, teu jeito desajeitado, suas loucuras, suas brigas.
 Mas você se foi por que quis.
 Fui porque eu sentia uma dor que médico algum pudesse curar, uma dor difícil de ver ou sentir.

Ele havia me desmoronado, me fez quebrar minhas promessas, me fez chorar na frente dele, sair no meio da madrugada, perder às esperanças dia após dia.
Mas por um momento eu parei e pensei que se eu tivesse opções e tivesse que escolher, eu o escolheria, mesmo com aquele jeito de garoto chato, com aquele ama e desama, um dia bate a porta e outro abre com flores na mão, com nossas brigas e pazes, com aquele jeito emburrado, e também apaixonado. Eu o escolho porque mesmo com os defeitos eu sempre fui sua preocupação, ele sempre me escolheu.
E todas as noites que eu chorei por dentro e disse pra mim mesma que eu não queria que ele voltasse, mas no fundo eu sempre o esperei.
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de Karen Beatriz. 17/01/17
Quando Você Ama Alguém 2

Ainda aqui .... Ainda pensando o que teria acontecido se tivesse nos encontrado naquele sábado de manhã no centro da cidade no meu museu favorito. Eu rescrevi esse dia tantas vezes e nenhuma das vezes chegou se quer perto da realidade. Eu esperei horas por você, eu repassei minhas falas, e cheguei à conclusão que ainda estou aqui...

Vê-la naquela cama de hospital toda ferida e chorando pela perca de seu marido me fez lembra-se desse dia que me atormentou por um longo tempo, eu simplesmente pensei que tinha superado, mas me veio como uma cena de um filme que todo coração partido tem, o mesmo sentimento eu estava revivendo e como dói ter a sensação de que sua vida está indo para um outro rumo, e me lembrei do quão covarde eu fui em não ter dito nada naquela manhã. Ela estava agora chorando em meus braços mais uma vez e pensei que num piscar de olhos a gente pode perder tudo, a verdade é que nunca sabemos tudo o que pode acontecer e eu não sei exatamente o quanto ela está quebrada agora.

- Eu não podia estar lá ...
- Você disse que estaria, e aquilo me quebrou por dentro.
- Eu não podia simplesmente te acompanhar e te levar para os braços de outra pessoa.

Ela me olhou como se estivesse esperando por isso há muito tempo, e eu sei que fui um covarde e não fui sincero o quanto ela queria que eu fosse, mas não era justo eu dizer para ela não se casar e que seriamos felizes juntos, porque eu não sabia como fazer isso.

- Eu sei que eu fiz parecer que estava tudo bem e que você seria feliz com ele, e que o melhor a fazer era deixar você livre.
- E você deixou. – Ela sussurrou.
Ela tinha razão eu deixei, embora eu achasse que sempre estaria lá.

- Foi a única forma que encontrei de mostrar o meu sentimento. Há dez anos atrás eu decidi não segurar sua mão e te acompanhar por aquele caminho, você começou a ir por uma estrada e eu por outra, eu sempre achei que você merecesse alguém que te amasse incondicionalmente...

- E você me amou desse modo em cada olhar... – Porque eu nunca enxerguei isso? Porque eu nunca tinha percebido que para ela eu era suficiente?

- Se alguém me perguntasse qual momento da minha vida gostaria de mudar eu diria que seria aquele domingo onde eu fiquei horas te esperando no meu museu favorito.... Porque nesse dia eu planejei dizer tudo o que eu vinha sentindo. – Eu senti meus olhos ficarem marejados, porque falar disso me doía eu tinha guardado isso para mim, mas se eu pudesse mudar eu realmente mudaria, eu queria que não tivesse acontecido da forma que aconteceu. – E você não apareceu.

- E foi quando eu o conheci. – Os olhos dela também estavam cheios de lágrimas, porque ela sabia o que tudo aquilo significava, talvez as nossas vidas fossem diferentes, mas a verdade é que nós nunca vamos saber.

 - Sim... – eu tentei rir para disfarçar a lágrima que insistia em cair. Estava doendo porque aquilo importava, doía porque nós tomamos caminhos diferentes, e eu achava que sempre estaria ali por ela, mas eu sinto que fracassei e só agora eu me dei conta, mas eu estava ainda ali e eu iria ama-la como se eu fosse perde-la. Segurei suas mãos, ela estava tão frágil, mas eu senti que voltamos a ser os velhos melhores amigos.
- Eu te odiei por meses, odiei o fato de você me abandonar de não ter sido o amigo que eu precisei, e como eu precisei de você Dan, eu te odiei por não ter sido sincero, eu te odiei por ter quebrado a nossa promessa e te odiei por ter me magoado de um modo que nunca pensei que pudesse fazer. E desejei nunca ter conhecido você, mas nenhum dos mil motivos que eu criei me fizeram esquecer de você, porque era você nas músicas de amor, era de você que eu lembrava nos melhores momentos, e cada vazio que eu sentia eu sabia lá no fundo que era você quem faltava. - Ela começou a chorar, e vi que o medo de ser feliz havia me consumido, eu pensava todos os dias em como ela estava e me perguntava se ela havia chorado. E agora eu sei que assim como eu, ela chorou.

Que por medo de perder a amizade dela, nós nos perdemos.
- E eu te amei... amei a cada dia mais um pouco, amei quando você chegou e amei mais ainda quando se foi, porque eu me dei conta que não existiria mais ninguém que entendessem minha alma como você entende.

- Nós nunca saímos da vida um do outro não é mesmo? – Ela disse entrelaçando nossos dedos, como ela estava frágil e eu quero cuidar de cada ferida dela, física e emocional, quero observa-la quando estiver dormindo como está prestes a fazer, seus olhos lutando para ficarem aberto, quero senti-la acomodar seu corpo em meus braços como agora, quero secar as lágrimas que insistem em cair, como agora pouco, quero sentir que preciso dela todos os dias, como estou sentindo agora. Ela estava ali, e mesmo enquanto ela passou anos com outro, ela sempre esteve ocupando o mesmo lugar de sempre dentro de mim, e por mais que eu tomei outro rumo não tinha nada que pudesse mudar isso, ela sempre iria dominar um grande espaço em mim porque é assim quando você realmente ama alguém.
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de Karen Beatriz. 13/12/16
Quando Você Ama Alguém 1





Naquela manhã o telefone tocou constantemente e eu só sabia encará-lo, e cada vez que tocava sentia algo dentro de mim se desesperar, a verdade é que eu estava desesperado demais para tomar qualquer ação. As últimas palavras que ouvi na noite anterior não sai da minha cabeça. A voz dela simplesmente sussurrando através do telefone: “ Por favor apenas seja verdadeiro comigo”. Era um tom de suplica, mas porquê? Porque agora?





Para mim é como se ela já tivesse ido e eu por medo perdido tudo. Ela ainda me ligava desesperada, mas eu simplesmente não podia estar lá por ela, eu escutei todas suas histórias de amores e desamores, eu sequei suas lágrimas tantas noites, eu estive nos melhores momentos da sua vida, até me dar conta de que outro foi escolhido para isso, até me dar conta que eu nunca soube amar, até me dar conta que eu nunca serei o que ela precisa, e eu me dei conta quando ela me disse há duas semanas atrás que havia sido pedida em casamento, foi aí que eu tentei entender em que parte do caminho percorrido de nossa amizade eu me apaixonei por ela e a conclusão é que eu me apaixonei cada dia mais um pouco durante esses seis anos de amizade, foi quando passamos noites conversando sobre coisas profundas e eu aprendi o quão brilhante era sua mente, foi quando nós na madrugada de finais de semana apostávamos corrida na areia da praia, foi quando em algumas despedidas nossos abraços eram demorados e significativos, foi quando seu cheiro ficou na minha blusa, foi quando voltávamos para casa juntos depois de um dia cansativo, foi quando ela chorou pela primeira vez na minha frente, foi quando ela sorriu com a língua entre os dentes, foi quando cantamos One do U2 na rua, quando ela estava impaciente esperando na fila, quando dormimos no sofá assistindo filme, quando conversávamos apenas por olhares, foi quando ela se entregou para alguém, foi quando eu senti medo de perde-la para sempre...



Só que eu nunca havia amado alguém antes e nunca soube como funciona, e a verdade é que eu sempre achei que ela merecia mais, alguém que pudesse mexer com o coração dela e ama-la intensamente, eu nunca consegui entender como poderia faze-la feliz. Essas duas últimas semanas eu me afastei porque eu queria esquecer o rosto dela, o tom de sua voz, seu riso, eu queria esquecer seus lábios que um dia beijei, eu pensei que fosse capaz de deixar de ter esse sentimento por ela nem que fosse por um pequeno momento. Fui um tolo.

O telefone tocou mais uma vez, sei que eu não deveria, mas eu queria ouvir a voz dela outra vez ...

- Se alguém perguntasse qual momento da sua vida gostaria de mudar o que você responderia? – Ela sussurrou após perceber que a ligação foi atendida. Eu apenas ouvi sua voz e fiquei em silêncio por alguns momentos pensando incontáveis vezes sobre essa pergunta, quantas coisas eu mudaria, talvez coisas que nem se quer fariam diferenças e outras que mudariam completamente o meu rumo. Então ela suspirou e por fim quebrou aquele silencio:

- Se você não responder eu simplesmente vou sorrir e fingir que não sinto a sua falta, mesmo que isso me mate por dentro.

- Por que está me perguntando isso?

- Eu preciso disso – o tom de sua voz saiu melancólico - Eu preciso que seja verdadeiro comigo, por favor. – A última palavra saiu como um sussurro.

- Ok – deixei escapar. E então novamente um longo silêncio, do qual eu nunca pensei que pudera existir com a gente, e me pergunto quando nós se desfizemos?

- Você ainda está aí? – Ela perguntou após soltar um longo suspiro...



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de Karen Beatriz. 29/11/16
Medo de Ser Feliz?



Talvez eu não me lembre mais do seu rosto. Foi o que pensei quando joguei fora todas aquelas fotografias de dois anos atrás. Como aquilo me prendia de tal maneira, eu havia jogado algumas fora, mas sempre deixava algumas porque algo em mim não conseguia deixa-las ir.



Eu sonhei com ele essas duas últimas semanas e essa obsessão tem me consumido, ainda tem me consumido. Ainda lembro do nosso primeiro dia juntos, da forma que meu coração parecia ter errado a batida, mas eu também me lembro dos nossos laços desfeitos e da forma cruel que isso aconteceu.



Fecho meus olhos em alguns momentos e tento sentir o toque de seus dedos em minha pele, da forma que você me conduzia a cada passo que eu dava e nesse momento eu lembro das pequenas coisas que nos faziam felizes, talvez eu não me lembre mais como eram os seus toques, talvez eu não me lembre mais de como era estar em seus braços. Eu preciso estar nos braços de alguém para sanar o rastro que ficou aqui, mas estou com medo.

Não sou tão fraca como parece, eu aguentei a chuva e as paredes desmoronando, os rastros de palavras duras pela estrada e o choro de tempos em tempos, eu não me incomodei eu sempre fui capaz de aguentar tudo por você.

Mas agora finjo que está tudo bem, mas quando aparece alguém querendo estar no seu lugar, um lugar que você deixou, simplesmente não consigo, porque estou com medo? Me falta a coragem de levantar e trocar de roupas porque eu não consigo mais render-me a alguém, sentir meu coração se entregar, mas ainda sinto como se meu coração fosse explodir como eu sentia quando estava com ele, só que agora é como se fosse explodir de arrependimentos.

Respiro fundo, segurando ainda a última fotografia. Sem ela eu não lembraria mais dos traços dele, e não iria chorar mais, sem ela eu não me lembraria mais de como era o sorriso dele, porém já não tinha mais certeza se era isso mesmo que eu queria, estava no final do meu desespero, precisava me libertar daquelas correntes, porque elas tem me machucado e tirado toda minha força e tem levado o que restou de mim, ele levou uma parte tão importante de mim que agora eu não consigo oferecer nada a ninguém, o que havia em mim que poderia prender alguém por muito tempo ou por uma vida inteira?

Senti um peso dentro de mim e transbordei, senti meu rosto ficar molhado por minhas lágrimas, era um choro silencioso, passei a língua em meus lábios e senti o gosto daquele sofrimento, de todo o medo que estava dentro de mim, de todo o medo de continuar e ter que imaginar a minha vida com outra pessoa no lugar dele.

Eu nunca vou ver você de novo. Foi o que por fim pensei, e dei fim aquela fotografia que estava na ponta dos meus dedos, gravada em minha memória, dei fim ao que restou.






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de Karen Beatriz. 01/11/16
A Falta Que Você Faz - 2


– E o que eu pensei foi que não será a mesma coisa sem você, que esse cheiro será apenas de saudade, mas eu não quero que ela seja eterna, eu percebi que você não vai chegar naquela hora de costume, que não vai ter ninguém me esperando atrás daquela porta pintada de roxa, e isso arde em mim, porque eu não consigo controlar isso? - Comecei a chorar como se estivesse derramando meu ser, sentia o gosto de minhas lágrimas que aqueciam todo o meu rosto, eu não tinha forças para levantar dali.



– Eu só consigo isso imaginar as noites que ficarei sem dormir com aquelas velhas lembranças vagando em minha cabeça, só eu sei quantas lágrimas vou derramar ao escutar aquela canção que diz que todos que conheço vão embora no final, e que vai me fazer lembrar de você. E eu ainda estou aqui, minha amiga. E não sei por quanto tempo vou ficar, foi tão fácil aprender com você, por isso eu te suplico por favor me ensina a ficar sem você. – Sussurrei em tom de súplica. – Quando eu vou te ver outra vez? Quando vou ter suas mãos na minha? Quando vou poder ouvir sua voz outra vez? Por favor! Não me diga que vai demorar, porque eu não aprendi a ficar sem você, porque minha amiga, minha amada, eu nunca pensei que teríamos um último beijo, um último abraço. Como eu queria que você pudesse me ouvir sussurrar essas palavras agora.





O silêncio tomou conta de mim e eu apenas sabia sentir aquela dor arder dentro de mim, a dor da saudade, a dor do irreal, a dor da ilusão, a dor da incerteza, a dor de não ter mais ela aqui. As horas se passaram e eu apenas ali tentando ainda gravar as últimas imagens dela em minha memória, eu não a veria mais, ela estava ali perto e ao mesmo tempo longe de mim, todos seus familiares já haviam ido embora, seus amigos, mas eu não conseguia ir, eu não queria ir e deixa-la. Estar ali era o que me confortava, eu não queria ter que voltar para casa e ter que sentir falta dela todos os dias. Porque não existe Johnny Cash sem June Carter.


– Nós temos que ir querido. – Ouvi a voz de minha mãe sussurrar próximo ao meu ouvido, seus dedos suaves que eu tanto conhecia tocaram em meu ombro e senti o afago naquele toque. – Você precisa descansar, irei te esperar ali – ela apontou para a saída e eu apenas assenti com a cabeça.


Eu já estava ali naquela mesma posição fazia horas, tentando entender o que seria de mim, quando nós estaríamos juntos novamente, transbordando em tristeza e pensando que eu deveria ter amado mais e falado mais e estava pensando na falta que ela já me faz.

– Já vou. – Falei fraco. Coloquei a mão sobre a terra que estava sobre o tumulo de minha amada, e sussurrei minhas últimas palavras para ela:

– Saiba que eu não perdi apenas o meu amor, mas a minha melhor amiga, e isso arde porque não haverá nada e nem ninguém que faça eu ter sintonia como você fez, você me ensinou o que é amar e isso eu vou guardar para você sempre, minha querida June.

Nós havíamos dito tantos olá um para o outro, tantos olhares de um até logo e agora a coisa mais difícil a se fazer é dizer adeus quanto o que eu mais quero é dizer olá novamente.




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de Karen Beatriz. 18/10/16
A Falta Que Você Faz - 1

– Lembra da história de Johnny Cash e June Carter? Eu não conhecia essa bela história e quando você me ensinou sobre ela não havia entendido o porquê, mas depois eu aprendi tanto e queria ter algo similar e verdadeiro, só que eu nunca fui bom em amar as pessoas. E uma das coisas que você me ensinou...
 Senti minha voz embargada de tristeza e algo dentro de mim arder, mas eu prossegui, eu precisava dizer tudo isso que estava preso em mim faz tempo.

  – Você me ensinou sobre o amor e como amar, como amar de diferentes formas.
Meus joelhos doíam por estar naquela mesma posição ajoelhado no chão já fazia tempo, mas continuei a sussurrar para ela:

 – Você  me ensinou que vale a pena ter qualidades como a paciência e a humildade, mas não de um modo superficial como todos pensam ou têm, você me ensinou que vale a pena ser humilde e assumir seus erros, suas fraquezas, reconhecer o estado que você está e suplicar por ajuda, me ensinou que vale a pena ter a paciência que o ser humano exige, porque você teve paciência comigo todos os dias e todas as horas desde o dia que te conheci, eu aprendi a retribuir e aprendi que vale a pena ter paciência e não desistir diante das dificuldades, você ensinou um garoto fechado para o mundo, amar. Você me ensinou sobre a história de um casal que tinham tudo para não ficarem juntos, que ele poderia desistir dela por ela ser tão difícil e ela poderia não se preocupar com ele por ele ser tão difícil, mas ele me ensinou que apesar de todas as dores ela disse sim a ele, e você me fez enxergar o mundo de outra forma. Eu aprendi a intensidade com você.
 Senti nesse exato momento que estava prestes a perder o controle, derramar aquelas palavras era um desabafo porque ela precisava saber de tudo aquilo, mas eu não pude contar para ela antes e isso me dói, lembrar de cada momento e falar cada palavra aperta meu peito e nada parece acalmar meu coração.
Nessas últimas horas eu sinto que enlouqueci e as maiores loucuras são por amor e agora eu entendo o porquê... porque tudo arde. Arde e eu não sei como fazer parar, pois, nada parece real, é um vazio e estou vazio, só vozes escuto e nada parece existir além de nós e busco uma maneira de voltar a respirar. Mas eu preciso ficar mais tempo com ela com o que agora eu tenho.

– Você sabia que tudo dói sem você aqui? Hoje de manhã eu senti o cheiro de chuva na calçada... – sorri em meio as lagrimas que escorriam por meu rosto. – E o que eu pensei foi que... 


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de Karen Beatriz. 20/09/16
Se Não é Você... 2

Quando eu o vi com seus olhos marejados e eles pareciam me pedir perdão por tudo que estava me causando, meus olhos vacilaram e estava um silêncio desconfortável, ao lado de sua cama sob a mesinha tinha apenas um pequeno rádio e tocava o velho Johnny Cash que ele tanto amava, música que tanto fez parte de nossa história, e então eu senti o mundo explodir dentro de mim quando ouvi seu choro me tirar de dentro da bolha que eu estava criando, então meus joelhos fraquejaram e eu desabei ao pé de sua cama, me agarrei ao colchão e deixei meu mundo cair.

- Me desculpe.

A voz dele estava fraca. E então eu o olhei, ainda soluçando. Me aproximei segurando seu rosto entre minhas mãos, e então eu vi que ele estava quebrado tanto quanto eu. Mas porque estava sendo tão covarde? Seus olhos carregavam dor e culpa. Mas eu podia entender tudo o que ele estava sentindo, eu só não aceitava, não aceitava o fato de algumas pessoas nos verem de outra forma, não aceitava que alguns familiares não nos aceitavam, mas eu não estava dividida, eu sabia o que queria. 

Eu não conseguia me mover, me perdi dentro daquele olhar que agora estava vago e isso me quebrava lentamente, meus olhos inocentes procuravam sinais de que tudo aquilo era uma mentira que a minha presença ali o fizesse mudar de ideia. Mas ele não dizia nada, ele cortou nosso olhar, desabando sua cabeça em meu peito sem dizer nada, seu choro é como se tentasse me dizer mais do que ele conseguia.


- Não! Deixei escapar quase como um sussurro, sentindo a dor no meu peito intensificar

- Por favor, não... – supliquei. 


- Quando eu te conheci  [a voz dele saiu abafada] - Eu não me importei se você era branca, negra, amarela, não me importei da sua classe social, não me importei com sua idade, porque tudo que eu queria era você, eu sempre quis... – ele soluçava, e voltei a chorar desesperadamente, porque doía tanto ouvir aquilo? 

- Eu sempre fui seu, e sempre vou ser. [ele por fim disse depois de uma pequena pausa] - Meu peito queimava, mas eu já não me importava, levantei seu rosto em direção ao meu e então ele segurou meu rosto com suas mãos quentes. 


- Quando você por fim aceitou ser minha garota.... Eu me senti a pessoa mais feliz e sortudo por ter você, eu sabia que estávamos saindo do padrão, e eu sempre vivi pelas regras, mas por você meu coração errou todas as batidas.

- Então porque está me deixando? Porque está me machucando assim? Falei desesperadamente. Ele simplesmente não dizia nada, segurei em suas mãos que estavam em meu rosto, e sussurrei com dor – Porquê? – Encostamos em silencio nossas testas e fechamos os olhos, e então ele falou...

- Por que eu não suporto, eu não aguento mais – sua voz estava embargada – Você merece alguém que não seja covarde.

 Eu não queria ouvir aquilo, não queria ouvir aquela música que tocava no seu pequeno rádio, cada palavra daquela música era um soco em meu estomago, ela falava sobre manter nossas promessas e ser apenas nós contra o mundo, e era isso que nós deveríamos ser. Tentei prender as lágrimas que insistiam em cair.

- Mas... – Tentei dizer algo.

-Eu sei que você não entende. – Ele tentava se acalmar – Mas você vai entender mais para a frente, no futuro quando você olhar para trás vai ver que eu te deixei ser feliz. Dói em mim, e eu me odeio por isso, odeio por estar nessa situação, e odeio ter que ver você não ser aceita pelas pessoas que você ama. – Seu tom de voz era quase um sussurro, uma suplica. E neguei com a cabeça. Não era aquilo que eu queria, eu simplesmente não conseguia imaginar um futuro sem ele.

- Eu não quero pensar no futuro, eu quero pensar no agora, em você, em nós ... – Falei em desespero. Me faltava o ar, porque estava largando tudo agora depois de nossas promessas? Tentei levantar rapidamente, eu não queria ouvir aquilo, conversar agora, eu não estava raciocinando, ele dizia que me amava e simplesmente vai me deixar achando que as coisas vão se resolver? Que tudo em minha vida será melhor sem ele?  Ele estava me privando de ama-lo, respirei fundo e senti meu corpo estremecer.

Ouvi ele engolir em seco. Mais uma vez um silêncio entre nós e eu não me sentia consciente de tudo ao meu redor, meus olhos embaçados pelas lágrimas não conseguia ver ele direito. Ver aquele rosto que eu tanto beijei.

- E as nossas promessas? – Por fim eu disse. – E todos os nossos planos? Lembra daquela noite, do você pula eu pulo? – Eu o vi assentir com a cabeça, e lágrimas escorreram, meus olhos doíam de tanto chorar. Não significa mais nada? – Ele simplesmente estava de cabeça baixa e não dizia nada e aquilo estava me torturando.

- Apenas diga, diga... – eu estava gritando enquanto as lágrimas molhavam o meu rosto. – Diga que me ama – minhas mãos foram de encontro ao ombro dele, batendo levemente. - Ou diga que não ... – falei entre os dentes, chorando e com raiva. – Que não me ... – Ele não me deixou terminar a frase, e segurou minhas mãos interrompendo as leves batidas que eu estava dando.

- Eu amo você – ele segurou minhas mãos delicadamente – Eu amei e amo cada detalhe, eu te amei quando tomamos chuva juntos, te amei quando tivemos nossa primeira briga, te amei quando você sentiu vergonha por ter falado besteira na minha frente... – eu sentia o toque suave de seus dedos em minha mão – te amei quando vi sua capacidade de perdoar, te amei quando você me ensinou o quão maravilhoso é admirar a lua e as estrelas, te amei quando chorou naquele filme de romance Titanic, te amei quando quis ser justiceira, e te amei mais ainda quando ganhei seu coração. – Ele sorriu fraco - eu amo tudo sobre você, eu te amo tanto e é por isso que te quero ver cem por cento feliz, eu te amo intensamente minha querida, mesmo que você não entenda o porquê disso, mas eu te amo de tal forma que parte de mim morreu por ter que te deixar ir, e outra parte sempre será sua.
Ouvir aquelas palavras faziam meu mundo cair, eu sentia um misto de sensações, eu queria apenas fechar os olhos e não acordar mais.

- Por favor, não me deixei ... supliquei, eu não poderia suportar essa realidade, de não ver mais o sorriso dele, de toca-lo, beija-lo, de estar ao lado dele, não teríamos mais nossas discussões, eu estava totalmente dependente daquele amor.
Nos olhamos intensamente e eu sentia uma dorzinha arder dentro de mim, ele me abraçou intensamente e eu afundei meu rosto em seu pescoço, sentindo seu cheiro mais uma vez, sentindo o seu calor, eu o queria e ele me queria, mas porque tudo era tão difícil? Porque eu vivia de acasos, vivia de caos, vivia de momentos cheios e vazios? Estar nos braços dele era ao meu porto, meu equilíbrio, e sem ele não haveria paz.
Depois de me acalmar em seus braços, de sentir seus toques leves em meu cabelo, afastei meu rosto de seu pescoço para fitar seu rosto mais uma vez.  E dessa vez deixamos nossos olhares conversarem, era um silêncio confortável. E então eu selei nossos lábios suavemente, com todo o amor que eu tinha dentro de mim.

Nos deitamos de lado, um de frente para o outro, seu rosto estava perto do meu e eu podia sentir sua respiração quente, era uma respiração calma, eu colei mais o meu rosto ao seu, encostando nossos narizes e ele entrelaçou seus dedos nos meus, ficamos assim por um tempo, e fechei meus olhos. Eu precisava manter meu primeiro amor em alguma parte dentro do meu coração, dentro do meu amago, porque eu queria que ele sempre fosse o meu lar.

- Você me perdoa? – Ele sussurrou.

Balancei a cabeça devagar – Sim! – Sussurrei em resposta. – Eu não quero amar mais ninguém – choraminguei – Eu te amo e não sei o que fazer com tudo isso.
Senti seus dedos tocarem meu rosto secando uma lágrima que insistia ainda em cair.

Nós ficamos assim abraçados, eu sentia seu coração bater e a cada batida eu tinha certeza que se eu fosse eu voltaria. 



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de Karen Beatriz. 13/09/16

Se Não é Você...1





Ás vezes o que sentimos por mais bonito que tenha que ser, pode doer e ás vezes... ás vezes machuca muito.





E estou aqui lembrando da primeira vez que tive seus lábios nos meus, debaixo daquela garoa e a noite não estava tão agradável, meus dedos estavam gelados e eu não queria te causar nenhum incomodo, mas então você me esquentou com seus doces lábios.





E essas lembranças me doem, porque tem acontecido tantas coisas entre nós, estar com alguém que tem um longo caminho pela frente, alguém mais jovem e mais saudável, tem me feito duvidar da força de nós, talvez eu esteja sendo fraco por ter que aguentar essa pressão, ou talvez você não seja forte o suficiente para conviver com alguém que esteja sofrendo o que estou sofrendo agora, e eu acho que nunca vou melhorar, me olho no espelho e vejo o que estou fazendo comigo mesmo, vejo o quão estamos diferentes, e eu já vivi tantas coisas, já fracassei em tantos coisas e já curti algumas, e são coisas que ainda irão acontecer com você.





Vivemos um embate, temos dez anos a mais e dez anos a menos, eu queria ter uma máquina do tempo e voltar a ser aquele jovem só para poder te acompanhar, viver suas novas experiências ao seu lado, segurar suas mãos em cada passo que der. Eu não sou um velho, mas estou agora impossibilitado, quando você se meter em uma encrenca, eu não poderei sair daqui dessa maldita cama para te socorrer, eu simplesmente não vou estar lá em suas aulas na faculdade, não vou vivenciar cada experiência que você ainda terá, e isso parte o meu coração, querida. Então eu quero te deixar livre para que você possa viver sem o peso de me ter, viver e aproveitar a sua juventude. Nesse percurso você irá encontrar outras pessoas para amar e não se proíba disso, não estou pedindo para que me esqueça, mas eu acredito que nós podemos amar mais de uma pessoa, cada pessoa de uma maneira diferente, eu espero que esse novo amor não te traga o peso de você ter que lidar com a sociedade, que vocês possam ter a mesma idade e que seja sem pressão. Mas eu quero apenas pedir que você não esqueça desse amor que tivemos mesmo você estando com muita raiva de mim nesse momento, porque eu minha querida não irei esquecer, teu o seu toque em mim, o seu cheiro em minha pele, o som da sua voz, e não quero jamais esquecer o toque macio dos seus lábios que tanto beijei, tem você em mim e eu te amo e quero te amar até o meu último dia, te amar mesmo que minha mente te esqueça. E se no final desse seu percurso eu ainda estiver por aqui, e você quiser um lar, saiba que eu sempre serei o seu. Te deixo agora livre.





Com amor, L.








Ler essas últimas palavras foram tão difíceis, minha vista estava embaçada, pois eu só sabia chorar, o som que saia da minha boca mostrava tamanha dor, doía tanto, tanto que eu não estava acreditando que eu estava sendo deixada, como pode alguém te amar tanto, mas querer sair da sua vida? Eu não queria isso, queria apenas me esconder do que estava acontecendo, eu já estava sentindo tanta falta que não conseguia se quer me controlar, simplesmente não conseguia imaginar a minha vida sem a pessoa que eu mais amo, nunca senti o que sinto agora, nunca estive tão feliz, e nunca conheci alguém tão bem, sei que temos a diferença de nossas idades, mas eu posso lidar com isso, posso lidar agora com essa doença que nos pegou de surpresa e sei que não será fácil mas eu estou disposta a lutar todos os dias para que dê certo, eu não quero dizer adeus.





Depois de tanto chorar eu acabei adormecendo, e acordei acreditando que tudo aquilo foi um pesadelo... Senti meus olhos inchados, minha cabeça pesada e parecia que tinham arrancado algo de dentro de mim, eu não me lembrava em qual momento exato havia pego no sono então estava tudo estranho para mim, mas eu vi no chão próximo a minha cama uma carta amassada e senti um choro de dor explodir mais uma vez dentro de mim e sem que eu permitisse algumas lágrimas escorreram por meu rosto. Levantei a cabeça e apertei meus olhos, suspirando e pedindo para que não fosse real, e não poderia ser. Estava com tanta raiva e não entendia o porquê, porque estava desistindo de tudo? Eu não quero nada daquilo, não quero um novo amor, não quero curtir minha juventude daquele modo, eu não quero outra mão segurando as minhas a cada passo, não quero outros olhos me encarando, quero apenas viver esse amor e tudo o que ele pode me proporcionar, mesmo que seja difícil, mesmo que para alguns seja poco, para mim é o suficiente.Então eu sequei minhas lágrimas e saí...



Mas eu sentia o pesar dentro de mim e o nosso amor parece estar flutuando para bem longe daqui ...

[Continua na parte 2]






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de Karen Beatriz. 24/08/16

O Que Houve Com O Amor?





Às vezes fico me perguntando se realmente existe amor à primeira vista, e outras vezes se realmente existe amor. Mas aí eu me lembro do dia em que eu o conheci. Estava numa festa e tudo em mim mudou quando o vi chegar, seu cabelo bem cortado, bem vestido. Tudo nele parecia estar certo.





Meus olhos o seguiram e senti um arrepio no corpo. Tudo isso em questão de segundos até eu me dar contar de que ele estava acompanhado de uma outra mulher. Eu passei a noite me divertindo mas nada comparado ao momento em que ele me chamou para dançar.





Como foi bom sentir o toque de suas mãos, tudo dentro de mim não estava acreditando no que estava acontecendo, como era bom estar perto dele, e eu queria continuar assim, as pessoas ao nosso redor para mim desapareceram e só existia nós e eu poderia passar o resto da minha vida assim. Mas porque ele? Que poder ele teve sobre mim desde o momento em que o vi.





Eu me apaixonei desesperadamente.


Ele se tornou protagonista dos meus pensamentos, o único que me causava arrepios e a ansiedade do dia.


Depois da primeira ligação meus lábios sorriam sem parar.


Pouco a pouco ele transformou aquela paixão em amor.


Eu sempre quis encontrar alguém mas nunca imaginei que seria daquela forma, como era bom toca-lo, abraça-lo, estar ao lado dele.





Eu queria faze-lo sentir a mesma alegria que ele causava em mim. Eu o amava por completo, e eu o amei desde o primeiro dia, eu a cada presença dele o amava mais. A cada surpresa, a cada mimo, ele me fazia sentir-se a pessoa mais especial, e não demorou muito para eu dizer o tão esperado sim e nos casarmos. Eu me entreguei por inteira, ele me fez mulher, me dediquei todos os dias, era um sentimento forte que ardia em meu peito, eu sempre fui de sentir tudo de forma exagerada, e meu amor por ele não podia ser diferente.





Ele era a brasa que aquecia meu coração. Passaram os anos e eu achava que era a pessoa mais feliz que conhecia, achava ele não poderia me fazer mais feliz do que eu já era.


E a verdade é que eu tinha razão... 


E descobri isso da pior forma.


Foi quando sem razão ele quis sair da minha vida.
Foi quando sem razão ele passou a ser outra pessoa.
Foi quando sem razão ele ficou frio, e deixou de me aquecer nas noites de inverno.
Ele simplesmente me abandonou, ele tornou o pra sempre em uma simples mentira, ele tornou os nossos momentos em ilusões, ele pegou meu frágil coração e despedaçou.
E eu?
Eu sou o que restou da dor.
Eu chorei dias, lágrimas de uma vida toda. Chorei por mim, por ele, por nós... 
Ele se foi sem me dizer adeus, sem me explicar o que aconteceu, sem me dar uma chance de mudar.
Eu fiquei cega de amor, não vi o que ele era, moldei a minha vida na dele, me ceguei ao acreditar que duraria para sempre.
Como suportar tamanha dor?
Como juntar pedaços? 
Ele se foi mas deixou essa dor que dura para sempre.
Sobrou apenas fotografias de uma vida diferente.
Passei anos com um coração despedaçado, um coração cheio de saudades, um coração magoado.
Mas não importava o que eu ainda sentia, nada mais seria como antes.
Ele partiu para viver uma outra vida.
Uma vida que não incluía eu, nossos sonhos e nem o meu amor.





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de Karen Beatriz. 09/08/16

E Se Tivéssemos Aquela Conversa? 





Eu esperei tanto por um momento, e apenas esperei... 





Quando é que iriamos nos ver novamente? Sobre o que iriamos falar e como iriamos olhar-nos? 





Eu esperei por uma conversa no qual iriamos ali dizer o que precisássemos, falar dos porquês, dos nossos pensamentos, das nossas feridas, nossos problemas, falar do nosso coração. Apenas uma conversa. 





Vamos falar das nossas grandes falhas, dos nossos acertos e também daquelas pequenas falhas, vamos falar se ainda há um perdão, apenas senta-se e vamos conversar. 





Eu esperei... 





E nesse tempo eu tentei entender quando foi o momento em que eu cai por você, não me lembro do momento exato que me dei conta que havia me apaixonado, apenas me lembro de quando olhei profundamente em seu olho e você segurou minhas mãos e eu senti o quanto iria doer se você soltasse, senti no lugar mais profundo dentro de mim que ia doer muito não te ter em minha vida. 





E é por isso que eu esperei por um momento, uma conversa depois de tudo o que aconteceu, algo em mim precisava disso porque parte de você vive aqui dentro, vamos apenas conversar sobre. Eu fiquei apenas esperando por isso e criei diversas vezes nossos possíveis diálogos, como eu iria te olhar novamente, deveria te tocar? Falei por horas e no fundo não disse nada, vamos apenas deixar nossos olhares conversarem, porque eu sei que eles nunca mentem. Como teria sido se tivéssemos nos encontrado aquele dia, aquele dia que nos desencontramos? Devemos a nós mesmo uma conversa. Você não acha que eu mereço saber os porquês? Vamos apenas conversar. Eu esperei por isso. 





Esperei por um momento em que eu pudesse transbordar da forma correta, por tirar tudo de mim e expor a você porque eu cansei de transbordar da forma errada e não adianta nada. Precisamos falar como tudo aconteceu, precisamos falar de como você está agora, do ponto que eu estou, são de apenas palavras que precisamos, de conversas que não estamos tendo. Tantas coisas passaram por minha cabeça que tem me levado a enlouquecer e não há mais nada que eu queira a não ser que nos encontremos e que possamos ter uma conversa. Falar de como é voltar para casa e não se sentir em casa, eu esperei pelo momento em que eu pudesse te encontrar virando a esquina e então ter aquela conversa, esperei com medo. Mas vamos conversar, apenas isso. 





Eu esperei sozinha... 

Esperei sozinha depois desse tempo em que pudéssemos sentar e dizer um ao outro quem realmente somos, falar do que realmente há dentro de nós, examinar e ver se ainda há vestígios de você em mim, e se há vestígios meus em você, esperei pela oportunidade de saber se eu ainda te amo ou se apenas amo os momentos que passamos juntos, porque eles não saem de mim, eu tenho revivido eles em cada momento e eu acho que minha memória enlouqueceu, são tantas as imaginações. 

Simplesmente esperei por esse momento, conversar e ver se ainda existia um “nós”. Apenas esperei por uma conversa, esperei sem ter palavras.






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de Karen Beatriz. 26/07/16

Tênue


Um borrão é o que sou agora, sou uma tinta espalhada no porão, sou assim desde o dia em que decidi que você tinha que partir e isso tem acabado comigo, pois sua voz ainda ecoa pelos corredores de nossa casa.

Suas acusações foram como golpes em mim, eu já não estava te fazendo feliz, seus ciúmes estavam te fazendo alucinar. Estávamos como dois desconhecidos.

- Porquê você tem me feito ser assim? 
- Você caminhava pelo corredor de um lado para o outro e eu não sabia o que fazer.

E eu não queria que nos magoássemos mais, o nosso espaço havia se perdido, suas palavras duras tinham se tornado constante.

-Você arruinou minha vida – Sua voz era desesperadora.

Um choro preso em sua garganta.




Essas palavras me destruíram, eu já não conseguia enxergar mais nada, foi como um tiro e eu escorri pela parede, tudo estava escuro e sua voz embargada de fundo ressoava.

Aqueles olhos ternos já não existiam mais, apenas um olhar feroz pairava sobre mim.

O que eu havia feito com você?

Não tínhamos mais frequência, nos corroemos sem perceber. Por impulso colei nossos corpos, eu queria te acalmar e sugar toda essa dor que você sentia,  mas doía em mim também.


Eu não podia destruir a vida de quem eu mais amava. Eu não conseguia ver o que tínhamos se acabar daquela forma, eu sentia sua respiração quente e suas lágrimas começaram a escorrer, você era uma garrafa cheia e transbordou.


Eu inalava seu cheiro sem te olhar, eu apenas te sentia e apenas ouvia nossas respirações se perdendo.

"Você arruinou minha vida"

Essas palavras cravaram em mim. Eu te arruinei, arruinei a minha pessoa favorita. Eu me arruinei, me perdi no meio do caminho enquanto segurava seus braços próximo ao meu peito dolorido, ali estávamos tão próximos.

E por um momento...

...tudo desapareceu, acabaram as discussões, mas estávamos por um triz. Estávamos tão perto de voltar a ser o que éramos. Você arruinou minha vida, mais uma vez essas palavras me perturbaram.


Eu não aguentaria ver você sendo infeliz comigo, eu já não sabia mais se era capaz de te fazer feliz. Dei um longo suspiro antes de deixar minhas lágrimas escorrerem, elas estavam quentes como nada mais em mim estava.

Quase sem voz eu sussurrei:

-Me desculpe.

Nossas lágrimas se encontraram mais uma vez.

-Não me deixe...– sua voz estava fraca.

E ainda segurando seus braços eu só conseguia negar com a cabeça suas palavras, minha voz havia sumido por um instante.

- Não me deixe... – Você sussurrou outra vez

Meu peito doía, respirar doía, ouvir a sua voz doía e saber que eu arruinei a sua vida doía, então eu desisti de você, na verdade desisti de nós, desisti do nosso fio de esperança. Quando eu decidi que você tinha que partir eu quebrei a nossa promessa de estar ao seu lado para sempre, porque eu queria estar ao seu lado te fazendo feliz.





Não consegui achar as palavras certas, não consegui te dizer o que sinto, não consegui dizer que eu ainda queria, nem que fosse apenas um pedaço do seu coração.





Havia apenas um pequeno espaço entre nós aquela noite, e eu te deixei escorrer pelas minhas mãos, e sem você agora sou apenas um borrão.





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de Karen Beatriz. 05/07/16

TÓXICO

A forma como você me olha tem me deixado fora de si, dentro de seus olhos eu vejo nossas almas se amando. Estou desesperada e você sem pressa alguma, isso é uma tortura sem fim.

Pelas ruas do Sul eu tenho te seguido, porque eu simplesmente não consigo tirar meus olhos de você. Aquele seu estúdio bagunçado, manchado de tintas, aquela música suave não sai da minha mente. Suas palavras implorando para pintar meu corpo em uma tela qualquer tem vagueado por meu pensamento essa manhã.

-Você é uma arte – sussurrou lentamente e seus lábios estavam próximos ao meu ouvido causando arrepios.

Eu não consigo ficar longe de você, seu cheiro tem me sufocado, mas eu preciso dele, preciso que me envolva com seus braços, eu só quero dormir ao seu lado e quero agora.

- Eu não entendo como alguém pode ser tão viciante. – Eu dizia quando sentia seus lábios percorrerem por meu pescoço até o lóbulo da minha orelha.

- Eu amo o jeito natural que você é, esse seu cabelo desgrenhado, essas suas pequenas e perfeitas imperfeições. O modo como você é sensível aos meus toques. – Seus dedos leves percorriam por minha pele, me contornando, e eu os sentia com plena intensidade. Sentia cada palavra sendo sussurrada em meu ouvido, assim como eu sentia aquela respiração quente em minha pele.

E eu não conseguia entender o poder que tinha sobre mim. Foi naquela noite que meu corpo estava sendo iluminado pela luz da lua naquele velho estúdio, e você pintando meu corpo em sua tela, ele era feito de luz, lua, e eu amava o modo que você se deixava levar, todos aqueles risos, e seu olhar sob a luz fraca, a nossa arte era algo psicodélico e aquilo me fez ficar obcecada.

Mas quem era você?

Porque as vezes eu não sei quem você é, e eu sinto que não sou a única, que nada é suficiente. 

Eu não sei, eu não sei... E essa vontade de te ver, porque você fica bem em todas as cores? Tudo parece cair bem em seu corpo.

É tudo uma lentidão.

E quando você sumia, me sentia perdida no meio da neblina que era minha vida, mas agora já era muito tarde para deixar você ir e ficar perdido por aí. Eu não sei.

Mas você parecia ser o meu avesso. Você apareceu no meu apartamento e com o seu olhar meu coração parou, e eu me vi fazendo tudo que você pedia.

Era tão cruel, porque você tem um sorriso de matar.
E suas falas tem me levado para um outro nível, suas falhas tem combinado comigo.

-Minha mente é um desastre, e quero que você saiba, porque eu quero você. – Suas palavras pareciam ser desesperadas, saíram aliviadas.

E eu queria ouvir aquilo, parecia ser o nosso pequeno segredo.

Tudo parecia ser o nosso pequeno mundo, porque não havia um momento do meu dia que eu não desejasse estar ali, naquele aconchego dos seus braços.

Eu amava tanto aquele cheiro que vinha de você, viciante. Fazia eu sentir vontade de morrer sufocada e extasiada.
Eu tenho perdido o controle do seu amor.

- Eu preciso de espaço! – Suas palavras foram secas, mas o seu olhar ainda era o mais misterioso, e só você tinha ele.

Suas ações frias têm me feito ficar desesperada, tem feito meu olhar procurar o seu e suplicar silenciosamente. 



Suplicar por seu olhar penetrante, pelo toque das suas mãos, pelo mesmo ar que você respira, nada mais era suficiente. Era um doce-amargo tudo isso que eu sentia, mas eu precisava sentir qualquer coisa para me sentir humana.





E te ver aos poucos doía, porque eu já não aguento mais a forma que você me deixa, eu estou corroendo por dentro, mas não consigo parar.

Eu fico parada e alucinando você aqui, eu me perco nesses olhos, eu me perco em tudo que se diz respeito a você. Eu tenho me viciado e agora eu estou sentindo o veneno que é conhecer você. Se eu te amasse com toda a força da minha alma por uma vida inteira, ainda assim não seria o suficiente, nada é o suficiente. O que aconteceu com sua doce disposição?

Por muito tempo eu tenho apenas suas nuances, e mesmo assim continuo vidrada, e algo dentro de mim parece que vai explodir. Qualquer coisa que vem de você ao longo desse tempo eu queria.

Mas quem é você, afinal?

E já não tenho mais controle, ainda estou querendo qualquer coisa de você, e isso tem me deixado em pedaços. Já não tenho mais reflexo, o que estou fazendo aqui?

Medo do que sou, estou escorrendo por seu estúdio como aquela velha tela que você pintou, e já não sei mais quem sou.



Quem mudou?


Aquele sentimento me consumia, mas onde foi parar toda nossa disposição, todos os seus leves toques e meus inconscientes choques?

- Você é culpada pelo que sente. – Seus olhos estavam ferozes e misteriosos e eu estava os vendo pela última vez.

E aquela sensação era como sentir um tiro ardendo dentro do seu peito. E antes que eu pudesse gritar retire-o, sua bela mão me tocou mais uma vez, meu cabelo estava sobre sua pele e vacilei numa voz abafada, eu estava simplesmente intoxicada



de Karen Beatriz. 26/05/16
Nós.

Ele segurou a mão dela, durante um longo suspiro disse:

-Eu nunca vou te deixar.

-Você não pode dizer isso.

-E por que não?

-Porque talvez você não seja capaz de cumprir, talvez ninguém seja...

-Porque diz isso?

-Porque as vezes as pessoas estão apenas tentando parecer algo bom.

-E isso não é bom?

- Acho que cada pessoa tem sua essência e elas deveriam ser elas mesmos, sem promessas, sem medos...

-Mas porque você diz isso?

-A verdade é porque nem sempre elas vão cumprir as promessas feitas, então você não deve dizer só porque as pessoas esperam por isso.... Simplesmente seja você, porque se você for você mesmo em algum momento você vai encontrar alguém e ela simplesmente vai ...

-Vai te amar por ser assim. – Ele completou a frase, e seus olhares se encontraram por um momento. 

-Tem razão.

Um silencio tomou conta dos dois.

-Gosto do jeito que pensa, do modo que vê as coisas. – Ele disse.

-Isso é o legal das pessoas, cada um com seu modo de pensar e cada um vê uma perspectiva diferente, isso que é o legal em ser humano... – Ela olhava fixamente para frente, sua respiração fraca.

-Imagina que chato seria se todos fossem iguais? – Ele brincava com suas próprias mãos.

-Eu simplesmente não quero pensar isso. – Ele fez uma careta de reprovação.

Ele a tentava decifrar, decifrar cada palavra e cada uma parecia ter grandes significados, como ela conseguia carregar tudo aquilo dentro dela? Ele pensava.

- Mas mesmo assim eu não retiro o que eu disse, eu sou assim... Sabe, eu gostaria de te entender, de saber o que ninguém sabe... – Ele a olhou de modo terno.

- Nem eu sei.

-Gostaria de saber o que você sente e te entender, e te dizer que você pode sentir, que você tem o direito de sentir.... Na verdade, eu queria te conhecer sem essa armadura.

-Eu não uso uma armadura. – Ela sorriu de lado.

- Você poderia dar uma oportunidade de te conhecer sem essa armadura que criou em volta de você.

-Às vezes as pessoas estão preocupadas querendo conhecer algo que não existe...

Seus olhos se encontraram. E ele sentiu que existem olhares que se cruzam por acidente e que as vezes terminam escrevendo a mais bonita eternidade. E foi aí que ele entendeu. E sorriu.

- Você mais uma vez tem razão. – Surgiu um silencio confortável.

Ele amava o modo que ela funcionava, e ele sabia de todas as feridas dela, e que ela era realmente daquele jeito, que ele conseguia enxergar ela de um modo que ninguém mais conseguia.

- Na verdade as pessoas que acabam criando uma armadura para nós. – Ele por fim disse.

- Isso não é tão ruim, porque só algumas pessoas merecem nos conhecer. – Ela fixou seus olhos no dele e ficaram assim por um instante, até que ela finalmente sorriu para ele.

Para ela eles se entendiam, muitas vezes mentalmente, fisicamente e emocionalmente, ele parecia conhecer ela realmente, porque ele entendia qualquer coisa que ela dissesse, quanto mais ela falava mais ela entendia o porquê ele era o único que a entendia, porque a mesmas coisas os animavam e os preocupavam.

Sem medo ele acariciou o rosto dela e sentiu a pele macia dela relaxar, e aceitar aquele carinho. De olhos ainda fechados ela disse:

- Seja você mesmo e tudo vai se ajustar.

Então ele estremeceu e disse a olhando nos olhos mais uma vez.

-Eu não quero te deixar.

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de Karen Beatriz. 26/05/16
Bastava Acreditar

Eu te conheci de uma forma totalmente diferente, eu não sabia quem você era ou como era. Éramos como máquinas num mundo irreal e você a princesa em busca de um príncipe. Óbvio que eu não era um príncipe, mas isso nos uniu. Você morava em outra cidade, num reino bem bem distante.

Tinha apenas 15 anos e eu 16. Como eu poderia correr até você e te ter em meus braços? Foram muitas tardes e noites conversando virtualmente, e eu digo que não foi preciso dos toques suaves dos seus dedos, dos seus lábios macios para eu me apaixonar. Eu não precisei me apaixonar por aparências, apesar de você ser linda, eu me apaixonei pelo o que você realmente era, o que era por dentro. 

"Quem foi que disse que pra tá junto precisa tá perto?"

Mesmo longe nós fomos capazes de sentir o amor, de se completar de alguma maneira, mas o que poderíamos fazer? Ninguém sabia sobre nós, além de sermos jovens. Mas eu descobrir que amar é... 

Amar é o ato de imaginar você ao meu lado em todos os momentos mesmo quando estou sozinho. É ficar a pensar como seria diferente se tudo o que acontecesse em minha vida tivesse você presente. É sentar-se em um banco e guardar lugar para imaginar você ali juntinho de mim. Todo o nosso tempo foi assim, eu e você longe de mim. A distância não foi capaz de impedir o que nós sentimos de melhor, o amor.

E se não fosse esse mundo virtual eu jamais teria te conhecido. Dói eu sei que dói, mas eu aprendi o valor de um abraço, porque quantas vezes eu imaginava você em meus braços? 

Para as pessoas isso era uma perca de tempo, e com a idade que tínhamos, não podíamos fazer muita coisa com essa droga que eu chamo de distância. O tempo e a distância revelam muitas coisas, nos levam e trazem coisas novas a todo momento, até que trouxeram alguém para você. Você conheceu outra pessoa, e o que nós tínhamos foi se perdendo, o seu medo de me perder, e o meu medo de te perder fez com que nós nos perdêssemos.

Medo de que todo aquele nosso tempo fosse uma mentira, uma fantasia num mundo irreal, medo de não existirmos. Mas a verdade é que eu não poderia dizer ou evitar que você conhecesse outras pessoas, era claro que você ia conhecer alguém que ia te abraçar, que ia te dizer coisas apenas com o olhar, e que tudo isso iria nos afastar, eu não queria te prender a algo que não sabíamos se daria certo, nós estávamos a quilômetros de distância.

Nada e nem ninguém nos apoiavam para continuar. Eu não sabia quanto tempo teríamos que esperar, nós ainda éramos jovens. Então eu tive que deixa-la...

Tive que acabar com aquilo, porque eu queria que você realmente fosse feliz. Isso foi a coisa mais difícil que eu fiz, como deixar partir alguém que você quer ao seu lado, mas você não pode ter? Mas todo esse tempo eu só queria uma coisa... e era você. Te perder ainda dói em mim, é horrível quando o seu coração diz sim e a sua boca diz não. 

É triste a nossa história, porque ela acaba. E é triste ver onde estou no tempo. Sem poder voltar ao passado, e me ver sem coragem. Eu te amei da maneira como nunca pensaria que um dia poderia amar. Eu precisei de você como nunca pensei que precisaria de alguém. E nos instante que eu me vi completamente apaixonado eu me perdi. Te deixar ir foi a coisa mais difícil que eu já fiz, ver cada passo seu mais longe de mim era como um tiro em meu coração.

Não foram apenas quilômetros de distância, a distância foi além disso. Mas eu aprendi o quanto esse amor foi verdadeiro e puro, o quanto é doloroso sofrer, o quão difícil é abrir mão daquilo que você mais quer, como a saudade é infinita. Mas apesar de tudo você sempre será aquela música, aquela frase, aquele livro, aquele filme, que a gente não abre mão, que a gente não consegue esquecer. Porque você teve o poder de me mudar, de me fazer alguém melhor, todo esse tempo juntos e até mesmo separados. Por que compartilhamos o mesmo sorriso, a mesma dor, a mesma lágrima e acima de tudo o mesmo amor.


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de Karen Beatriz. 10/05/16
Sentimentos

Ultimamente eu tenho pensado muito no passado, tenho imaginado nós dois juntos, tenho imaginado como estaríamos agora.

Ultimamente eu tenho me apaixonado facilmente pelas coisas, me apaixonado por coisas que eu não queria me apaixonar. Eu tenho pensado em você, em como você se tornou o meu primeiro sentimento e tenho pensado em um para sempre. Um para sempre que nunca existiu e nem sei se poderá um dia existir.

Eu tenho pensado que cada dia e como éramos diferentes, talvez com medo do que realmente queríamos ser, mas você sempre me olhava da mesma forma, seus belos olhos sempre olhavam em meus olhos e apenas nós nos entendíamos.

Tenho lembrado como nossos olhos conversavam, e como já faz tempo que não tenho mais isso e se um dia terei outra vez. Tenho sentido falta da sua ajuda, dos conselhos, do tempo que tirávamos para resolver algumas questões.

Tenho pensado em como o medo de nós me atormentava, e o que as pessoas poderiam dizer, medo do que você causava em mim e como o medo de tudo isso me permitiu viver agora uma mentira. Uma mentira porque eu não tenho você. Desde que você se foi eu tentei pôr em prática muitas coisas, mas ultimamente eu tenho pensado que sem você ficou difícil.

Eu tenho pensado sobre você e como o medo me causou dores, como foi doloroso saber que você partiu. Sem sentimentos, sem interações, sem olhares, sem proteção, sem suspiros longos, sem confiança, sem amizade, sem amor.

Ultimamente tenho repensado em como tivemos presos em nós, como tivemos que nos encarar, como tivemos que lutar, mas como tudo simplesmente se perdeu. Como em nossos olhos há arrependimento e que nunca terei respostas, nunca terei certezas. Nunca saberei o que seria de nós juntos, e não verei mais seu ser através de seus belos olhos.



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de Karen Beatriz. 19/04/16
Eu Sei Que Você Sabe



A rua estava em silêncio, eu andava na madrugada pela calçada já não sabia qual era a direção, o chão estava frio e os pés descalços. Eu sei que você sabe. O ônibus vazio parou fora do ponto, na calçada da sua casa eu estava e o cachecol não esquentava.





Um café era uma boa pedida, eu não conhecia nada ali, mas eu sabia que no décimo quinto andar tinha café, estava quente e aconchegante. Todas as luzes do prédio estavam apagadas, eu olhava para sua janela. Eu sei que você sabe.





Sentei-me no velho banco em frente a banca de jornal, neblina parecia sair de dentro de mim, minhas mãos se esfregavam freneticamente, já não sabia pensar em nada, aliás eu estava tomando coragem para apertar o interfone. Os pés estavam congelando. Eu sei que você sabe.





Eu esperava que você corresse debaixo da chuva como você disse que faria, mas nem ali você estava. Eu sei que você sabe.





A cidade estava dormindo e eu ali em silêncio tentando ouvir meus pensamentos, as horas se arrastavam, o semáforo piscava e nada funcionava, as luzes do seu apartamento deviam estar queimadas. A ansiedade era uma velha amiga, e eu sei que você sabe.





Era só essa vez, eu não consegui dormir, e alguém me trouxe aqui? A indecisão do dia e noite já estava para acabar e nada de você chegar. Um toque suave eu ouvi do outro lado da rua, o portão do seu prédio abriu, e então você me viu.





Estava bem coberto, aquecendo as mãos, veio em minha direção e eu ainda ali sentada no velho banco em frente a banca de jornal.





- Eu sabia que estaria aqui.





- Eu sei que você sabe... 





- E qual é a novidade?





- Eu queria dizer que foi muito bom sair pra dançar com você.





- Oh Liz minha querida, já fazem dez anos... 





- Não! Você não se lembra?





-Liz, você precisa ir para casa, eu vou te levar de volta.





- Não gostou daquela noite?





- Sim minha querida, foi uma das melhores noites da minha vida. Você sabe.

- Eu sei que você sabe.

Vamos repetir, podemos ir agora.

Eu estava diferente daquela madrugada calma.

- Não Liz, eu vou te levar pra casa, você não pode ficar aqui...

Num gesto gentil ele me cobriu com seu casaco, e percebi que já tinha vívido aquele momento. 

E não queria mais que me tocasse, carros começaram a passar na avenida, comecei a ouvir barulhos. O tom da minha voz passou a ser alto, e minhas mãos batiam em seu peito, e pedi pra ir embora, pra ele não me tocar.

- Eu sei querida que não é fácil ter essa doença.

Minha mente ficou confusa, vasculhei tudo que poderia e nada encontrei.

- Eu sei que... 

Perdi as palavras.

- você sabe! 

- Não se preocupe Liz eu sempre vou te levar pra casa, eu sempre vou te ajudar a lembrar...

Outra madrugada eu fugi de casa e tive um surto, já fazem anos que não estamos mais juntos, algo dentro de mim sabia. Era por isso que ele sempre repetia o mesmo. E era sempre aquilo que eu lembrava e repetia, e logo eu nos esquecia.


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de Karen Beatriz. 19/04/16
Encontros e Desencontros [p-2]





[Continuação]


Resolvi ir para fora do país, já estava em meus planos aprimorar outro idioma. Dei a notícia aos familiares e amigos, mas não conseguiria ir sem vê-la pelo menos mais uma vez, eu me devia uma despedida. Foi quando no dia que eu teria que partir, a encontrei. E doeu revê-la, quando nos aproximamos seus olhos encheram de lágrimas e foi um alívio ver que ela ainda parecia ser a mesma, saber que eu ainda significava algo. Mas eu tinha que deixar ela livre, deixar que as coisas acontecessem, eu simplesmente tinha que deixar...





- Eu não poderia deixar você ir sem dizer que é a pessoa mais gentil e doce que eu conheci, e que te perdoo, e que você sempre será uma parte de mim...





A mão dela estava sob as minhas e estavam quentes e macias, diferente da última vez que nos vimos, segurar a mão dela me fez entender que não importa onde eu esteja ou quanto tempo passe, ela sempre será a saudade, sempre será a música de amor, sempre será a tristeza não entendida, sempre será o meu primeiro amor. E isso faz me odiar ainda mais, porque eu sempre vou lembrar que fui o cara que não cumpriu as promessas, e eu não conseguia entender porque deixei tudo isso acontecer. Ela tinha sonhos e eu não ia estar mais ao lado dela para realiza-los, e mais uma vez eu chorei.





- Me desculpe por eu não ser o pai dos seus filhos, o homem da sua vida, por eu não ser aquele que vai te abraçar forte e dizer que tudo vai ficar bem, me desculpe por eu não ser aquele que vai te esperar no altar. 





Eu realmente estava arrependido, e outra vez eu a vi chorar, e a abracei de um modo que nunca havia abraçado, como era bom tê-la em meus braços, sentir seu cheiro, o calor do seu corpo e sentir que ela também sempre será uma parte de mim. Dei um beijo doce em sua testa e parti, mais uma vez nos despedimos sem querer ir.





Foram seis meses longe dos amigos, familiares, longe da vida que eu levava, e seis meses longe dela. Sabe quando você diz a alguém que nunca a esqueceria ou que nunca a deixaria de amar, não é uma simples frase, uma falsa promessa e eu sei disso porque mesmo não estando mais com ela, e mesmo longe por um bom tempo, eu sabia que dentro de mim eu continuava cumprindo essa promessa. E sei que vou continuar mesmo que os nossos caminhos tenham destinos diferentes.





Durante esse tempo eu conheci outra pessoa e passamos bons momentos juntos, mas eu tinha que voltar para minha vida, minha casa, mesmo que ainda tivesse o cheiro dela pelo quarto, mesmo que eu esbarrasse com ela em uma cafeteria, e mesmo que nada disso acontecesse, eu tinha que voltar.





Eu entenderia se ela já tivesse escolhido outro alguém, eu poderia aceitar. Mas me dei conta de que não conseguiria quando eu vi a mulher que eu sempre amei, grávida. Doeu profundamente saber que eu realmente não fui o pai dos filhos dela, que eu não fiz parte do que ela mais queria, que eu nem se quer acompanhei nada dessa fase, que eu não estava lá quando ela recebeu a notícia, se ela apenas sorriu ou também chorou, que não fui o primeiro a receber a notícia, doeu porque tudo aquilo que eu temia, aconteceu.



A surpresa me deixou mudo, eu estava com um misto de sentimentos. A voz embargada soltou um parabéns, e nos abraçamos, ela me deu um abraço apertado, descansou seu corpo sobre o meu e ficamos ali por muitos minutos, simplesmente abraçados. O nosso caso parecia que nunca teria um fim, quando entre lágrimas ela sussurrou em meu ouvido e disse: 





- Obrigada por ser o pai do meu filho... [fim]


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